Utentes da Saúde do Médio Tejo

As assinaturas a entregar no Ministério da Saúde vão ser acompanhadas de um

documento em que se relatam as principais dificuldades de acesso a cuidados de saúde e

necessidade de serem tomadas medidas para debelar os problemas. Com o mesmo objectivo vão

seguir documentos para a Presidência da República, para todos os Grupos Parlamentares, para o

Governo Civil de Santarém e para o Presidente da ARSLVT .

As actuais instalações do Centro de Saúde, que foram inauguradas em 1990 para

um universo de 14 mil utentes, confrontam-se hoje com as dificuldades de nos seus serviços

estarem inscritos mais de 20 mil utentes. Acresce que a tendência é de crescimento, até devido à

dificuldade de acesso a cuidados de saúde em Freguesias de outros concelhos mas vizinhas do

Entroncamento.

Várias têm sido as promessas de começo de obras de ampliação das actuais

instalações (p.e. em Novembro de 2007, citam-se declarações do Dr. António Branco: “O mais

tardar no 3º. Trimestre do próximo ano as máquinas avançam no terreno”). No dia 30, lá

estaremos de máquina (fotográfica) para retratar a realidade. Mesmo que se cumpra o objectivo

apresentado no concurso recentemente lançado, só em Março de 2010, teremos novas

instalações.

Mas as dificuldades de acesso a cuidados de saúde por parte dos utentes do

Entroncamento, para além da exiguidade das instalações, agravam-se com a falta de médicos e

enfermeiros. Quase 25% dos utentes não têm médico de família. Cada vez mais os utentes são

“empurrados” para as alternativas privadas e sociais, agravando as despesas das famílias e

deitando por terra o princípio de prevenção da doença.

No futuro, continuaremos a trabalhar para que os temas relacionados com a

organização do acesso e cuidados de saúde passe a ser matéria de debate e acção por parte da

população e dos seus representantes. Sob o lema “O que está bem é para multiplicar, e o que

está mal é para corrigir”, defendemos:

uma política de investimento nos Cuidados de Saúde Primários, com a valorização dos recursos

humanos e a melhoria das instalações e equipamentos;

uma gestão hospitalar que promova a motivação e atracção de profissionais diferenciados, que

aproveite a totalidade das instalações e equipamentos, a manutenção de valências básicas em

cada uma das unidades do CHMT e a dinamização dos serviços existentes;

a ampliação efectiva da rede de cuidados continuados;

uma estratégia de verdadeira articulação/integração entre os diversos níveis de prestação de

cuidados de saúde;

uma prática de participação democrática da comunidade (autarcas, profissionais, voluntários,

utentes...) nos nos órgãos já criados ou a criar.

Não queremos deixar passar a oportunidade de referir a errática política do

medicamento (representa mais de 50% dos gastos de saúde das famílias portuguesas), com duas

consequências visíveis: a poupança por parte do Estado e o consequente aumento das

comparticipações por parte dos utentes. Tarda uma política coerente em que, entre outras

medidas, seja obrigatória a prescrição por DCI e passe a ser comercializada a unidose.

Por fim, um agradecimento sincero aos proprietários, responsáveis e trabalhadores

de dezenas de estabelecimentos comerciais e de restauração que colaboraram na recolha de

assinaturas.

Constatamos, também que há um longo caminho a percorrer no reforço da acção

das Comissões de Utentes. Estamos crentes que não foram feitos todos os esforços para que

muitas centenas de moradores do Entroncamento pudessem manifestar a sua posição,

subscrevendo o Abaixo-Assinado. Da parte da Comissão de Utentes do Médio Tejo fica a vontade

de continuar a trabalhar na defesa dos direitos dos utentes e na melhoria da sua informação e

organização. Neste âmbito estamos a preparar activamente a participação no Encontro Nacional

de Associações e Comissões de Utentes dos Serviços Públicos, que se realiza a 25 de Outubro,

em Coimbra.

na J. de Freguesia S. João Baptista (ENTRONCAMENTO)