O texto que apresentamos a seguir (com sublinhados nossos) é da autoria de um dos elementos da Comissão de Ética do CHMT. Será que o autor é detentor de informações que não são do conhecimento público? Há algum plano estratégico para reduzir ainda mais os serviços hospitalares na Região?
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Com poucos dias de intervalo, dois políticos tomarenses -Carlos Carrão e Luís Ferreira- mostraram de novo e inadvertidamente como estamos, enquanto urbe, a ficar cada vez mais longe da realidade nacional. O vereador socialista
publica um texto indignado contra as novas medidas ontem anunciadas pelo primeiro-ministro, cujo título é afinal todo um programa de demagogia:
"Medidas insustentáveis e injustas". Como se houvesse medidas sustentáveis e justas para obter os mesmos resultados, mas o governo PSD/CDS as não quisesse escolher, por simples retaliação, ou para proteger interesses inconfessáveis...
Por sua vez, o presidente Carlos Carrão lá conseguiu ser recebido pelo Secretário de Estado da Saúde, seis meses após ter solicitado uma audiência ao ministro da mesma pasta, o que mostra bem o real estatuto dos executivos tomarenses junto do governo, quando resolvem, por mal disfarçado orgulho pessoal, não trilhar os caminhos que a prudência e a eficácia aconselham.
Ainda assim, o presidente nabantino regressou entusiasmado e com uma promessa no bolso: a urgência básica em Tomar é para manter. Não terá reparado, ou está a simular não ter entendido cabalmente o que lhe foi dito pelo presidente do conselho de administração do CHMT. Segundo a Rádio Hertz, no Centro Hospitalar do Médio Tejo "as coisas vão continuar a funcionar como estão neste momento. Um dia, feita a avaliação da própria reestruturação, serão analisadas outras intervenções." Ou seja, em português claro e sem subentendidos, até às próximas autárquicas fica como está, mas depois haverá mudanças.
O que se compreende. O Ministério da Saúde acaba de criar o Centro Hospitalar do Oeste, com sede nas Caldas da Rainha, um município bem gerido e em franco progresso, cuja população cresceu em dez anos mais de seis mil eleitores, enquanto a de Tomar diminuía 1.600 e a de Ourém, mesmo aqui ao lado, contava com mais 7 mil. (Ver post "Presidente Carrão e o das Caldas").
Sucede que Ourém, com mais habitantes, mais população activa, mais turistas, mais automóveis, mais telefones fixos, mais empresas e a pagar mais impostos que Tomar, não dispõe de urgência básica, nem de quartel, nem de Ensino Superior Politécnico. Uma evidente injustiça, que não vai poder continuar durante muito mais tempo e que leva o actual presidente, o socialista Paulo Fonseca, a envidar esforços no sentido de se virar para Leiria, que fica a vinte quilómetros, nomeadamente em termos de assistência hospitalar. O que tornará Tomar uma cidade ainda mais periférica no Médio Tejo.
Temos assim que tanto Carlos Carrão como Luís Ferreira enveredaram mais uma vez pela demagogia fácil, procurando posicionar-se favoravelmente para as próximas eleições autárquicas. Infelizmente para eles e para nós, voltaram a falhar. O social-democrata por apresentar como uma conquista aquilo que acaba por ser afinal um abandono, uma vez que a Comissão de Utentes reivindica a reposição da situação anterior, com urgência cirúrgica e medicina interna, no mínimo. O socialista por escolher a facilidade e o oportunismo, quando sabe muito que tanto Portugal como Tomar necessitam com urgência de medidas drásticas e por isso mesmo dolorosas. Porque, não tenhamos dúvidas: com a economia em recessão e sem perspectivas de crescimento sustentado nos próximos anos, a via mais profícua é também a mais difícil -colocar a liquidação da dívida como primeira prioridade. E para isso é preciso reduzir fortemente a despesa pública, se necessário até que a vaca tussa. Tudo o resto não passará de vã tentativa para voltar a enganar os eleitores, na senda de Sócrates, que em 2009 e já com o país em plena crise, resolveu aumentar os funcionários públicos em 3,9%. Ganhou as eleições, mas os resultados estão agora à vista de todos. A política séria não se compadece com amadorismos.