O Centro Hospitalar do Médio Tejo vai terminar o ano com uma redução dos custos em 20 milhões de euros, um corte de 20 por cento em relação ao total de custos de 2011, avançou a administração à agência Lusa.
O presidente do conselho de administração do CHMT, Joaquim Esperancinha, disse à Lusa que em 2012 os custos com medicamentos e material de uso clínico baixaram 18 por cento, com pessoal (essencialmente horas extraordinárias) outros 18 por cento e com fornecimentos e serviços (que inclui os prestadores) 21 por cento.
Além desta redução, o CHMT conseguiu, com os 16 milhões de euros recebidos da Administração Central no âmbito do “pacote com a ‘troika’”, amortizar nove milhões de euros na dívida vencida a fornecedores externos, que passou dos 54 milhões em 2011 para os 45 milhões de euros, adiantou.
No final de 2011, o CHMT apresentava um défice acumulado de 150 milhões de euros.
Assegurando que as medidas de contenção financeira não afectaram a qualidade dos serviços prestados, Joaquim Esperancinha afirmou que, um ano depois da nova administração do CHMT ter tomado posse, o processo de reorganização anunciado em janeiro está “praticamente concluído”.
O ano de 2013 será de “consolidação” e de arranque de projectos como o da criação de “pólos de excelência” em áreas como a Cardiologia ou a Nefrologia (com o processo de ampliação da hemodiálise já em curso).
A administração do CHMT, que tomou posse a 14 de Dezembro de 2011, pôs em marcha o processo de reorganização previsto desde 2008 e que passou pela redistribuição das valências pelas três unidades que integram o centro hospitalar, criando complementaridade na prestação de cuidados médicos especializados, um processo que gerou alguma contestação e receios de perda de qualidade na prestação de cuidados às populações.
O CHMT integra as unidades de Torres Novas, Tomar e Abrantes, que passaram a funcionar como um único hospital, sublinhando Joaquim Esperancinha que “foram dados passos muito importantes para se alcançar uma cultura única” e que “há hoje um envolvimento muito grande” dos profissionais.
Joaquim Esperancinha reconheceu uma quebra na actividade do CHMT, que explicou com a perturbação que qualquer processo de mudança gera, mas assegurou que a redução (entre os dois e os cinco por cento) se registou sobretudo até Junho, estando a recuperar “mês a mês”.
A redução de 22 por cento na procura das Urgências representa, no seu entender, uma aproximação aos valores do que são consideradas “verdadeiras urgências”, admitindo que a introdução de taxas moderadoras contribuiu para que apenas recorra às Urgências “quem realmente necessita”.
As listas de espera em cirurgia são agora de 2.800 doentes, com um tempo médio de espera de 117 dias, valores que revelam um crescimento (2.655 doentes e 103 dias em Maio último), assegurando o presidente do CHMT que a actividade da cirurgia programada subiu para tentar suprir o fim do programa que permitia a realização de cirurgias adicionais.
O quadro de pessoal do CHMT baixou dos 1.930 profissionais para os 1.850 com a saída de 80 colaboradores, incluindo médicos e enfermeiros (muitos destes para o estrangeiro), disse o presidente do CHMT, sublinhando que, até 31 de Dezembro, se vão contabilizar quase 100 pedidos de reforma.
Para o responsável do CHTM, apesar das saídas, o quadro de pessoal “é aceitável”, estando “desequilibrado” no que toca aos médicos, uma vez que apenas 145 são dos quadros, o que obriga a que 50 por cento do serviço seja assegurado por prestadores, situação que atribui aos “custos da interioridade”.
Ao recente concurso para preenchimento de perto de 30 vagas concorreram 59 médicos mas apenas 12 foram preenchidas, frisou.
Joaquim Esperancinha disse ainda que os resultados da segunda auditoria externa às contas do CHMT confirmaram a existência de “expressivas irregularidades” sobretudo na área de prestação de serviços, tendo o relatório sido encaminhado para as “entidades competentes” do Ministério da Saúde.
CHTM tem em estudo a criação de uma Unidade de Hemodinâmica
O Centro Hospitalar do Médio Tejo tem em estudo a criação de uma Unidade de Hemodinâmica, no âmbito do projecto de criação de um “pólo de excelência” na área da Cardiologia, disse à agência Lusa o presidente da administração.
Joaquim Esperancinha afirmou que está em estudo a criação de “um serviço de cardiologia muito diferenciado no Ribatejo” com a abertura de uma Unidade de Hemodinâmica, em colaboração com o Hospital de Santa Cruz, com o qual já existe um acordo.
O objectivo é criar, no primeiro trimestre de 2013, um serviço que funcione 24 horas por dia com a presença de cardiologistas e a possibilidade da realização de intervenções “de qualidade igual às que se praticam em Santa Cruz”, evitando o tempo de demora até Lisboa em situações “em que cada hora que passa é crítica”.
Este serviço deverá ter uma área de influência que vá de Santarém até parte do norte alentejano e Castelo Branco, defendeu.
A criação desta unidade é um dos projectos da “terceira fase” do processo de reorganização iniciado em janeiro e que passou pela concretização da complementaridade entre as três unidades que integram o CHMT (Torres Novas, Tomar e Abrantes) e que passaram a funcionar como um único hospital.
Joaquim Esperancinha adiantou que também o serviço de Nefrologia, único existente no distrito de Santarém, está a ser alvo de investimentos, referindo o início da actividade do Centro Cirúrgico de Acessos Vasculares, “evitando a deslocação a Lisboa de doentes que necessitam de hemodiálise”, e a ampliação, em curso, do número de postos de 11 para 22.
Por outro lado, abriu em Tomar um novo Hospital de Dia de Oncologia, com consulta de decisão terapêutica multidisciplinar.
Foi igualmente iniciado o projecto que passa pela identificação do doente por uma pulseira com código de barras que permite a confirmação electrónica da medicação e das transfusões, reduzindo os “eventos adversos” e permitindo “avanços na imputação de custos”.
Joaquim Esperancinha adiantou que o CHMT contratou quatro programadores que têm estado a desenvolver um conjunto de aplicações informáticas, nomeadamente na área dos transportes, para controlo dos consumos no Bloco Operatório e para os meios complementares de diagnóstico.