O Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo tem 35 mil utentes sem médico de família, indicou este domingo a diretora do ACES, tendo o secretário de Estado da Saúde afirmado que o problema se resolverá em dois anos.
Em declarações à agência Lusa, à margem da inauguração das novas instalações da Extensão de Saúde do Penhascoso, em Mação, em cerimónia que contou com a presença do secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, a diretora do ACES, Sofia Theriaga, revelou que tem cerca de 35 000 utentes sem médico de família, de um total de 229 765 utentes pertencentes a 11 concelhos, sendo os casos de Abrantes, Ourém, Torres Novas e Sardoal "os mais complicados".
"Ter 35 mil utentes sem médico de família é uma grande preocupação para mim e para o Conselho Clínico do ACES do Médio Tejo porque são muitos utentes que estão sem acesso a cuidados médicos adequados, tendo em conta que apenas podem dispor de cuidados médicos através de consultas de recurso", disse Theriaga.
"O número de médicos especialistas que está a entrar no mercado ainda não é suficiente para as necessidades e tenho a ideia que só dentro de ano e meio a dois anos teremos a situação regularizada e todos os utentes com médico de família", perspetivou a diretora do ACES do Médio Tejo, tendo acrescentado que a atual situação só ficaria resolvida com a colocação de 16 a 17 médicos.
Em declarações à Lusa, o secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, apontou, igualmente, para um "prazo de dois anos" para que todos os portugueses tenham médico de família.
"A meta desde o início que era ambiciosa e que era, precisamente, dar um médico de família a todos os portugueses", lembrou o governante, tendo observado que "graças a essa ambição, foi possível chegar a um ponto em que 1,2 milhões de portugueses estão hoje sem médico de família, depois de um início de governação em que esse número superava os 2,1 milhões de portugueses".
"Depois de eliminados duplos registos nos centros de saúde, e outras redundâncias, podemos agora dizer que vamos reduzir esse número para metade até ao final desta legislatura, altura em que teremos cerca de 500 a 600 mil portugueses sem médico de família, o que será facilmente resolúvel durante os próximos dois anos", destacou o governante.
A Extensão de Saúde do Penhascoso, hoje inaugurada com um investimento de cerca de 40 mil euros, pertence à Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Mação e está inserida no Agrupamento de Centros de Saúde do Médio Tejo, prestando atendimento a 240 utentes.
Nesta unidade trabalham 1 médico, 1 enfermeiro e um assistente técnico, num horário de funcionamento às terças-feiras, das 14:00 às 18;00.
Com um total de 229.765 utentes, o ACES Médio Tejo tem por missão garantir a prestação de cuidados de saúde à população de 11 concelhos: Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Tomar, Torres Novas, Sardoal e Vila Nova da Barquinha, numa área territorial de 2.706 Km.
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PSD apela ao diálogo para ajudar freguesias que têm dificuldades em ter médico
A aprovação, em Março último, por parte do Governo sobre uma alteração à Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas que garante mais incentivos para o regresso ao activo de médicos aposentados que, de forma temporária, podem dar resposta à escassez de profissionais no Interior do país foi um dos aspectos amplamente debatidos na recente reunião do executivo camarário de Tomar. Recorde-se que a medida surgiu de uma proposta da Distrital e dos deputados do PSD de Santarém e que, na altura, foi acolhida favoravelmente pelo Ministro da Saúde e aprovada posteriormente em Conselho de Ministros. Esta alteração à Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas levou o PSD de Tomar a apresentar um requerimento onde questionava o executivo sobre as iniciativas levadas a cabo no sentido do concelho tirar partido da medida. Na resposta, a presidente da Câmara de Tomar fez saber que contratar médicos não é uma competência do município mas sim do Agrupamento de Centros de Saúde do Médio Tejo. João Tenreiro, vereador do PSD, lamentou a resposta e defendeu a realização de uma reunião para tratar o assunto: «Não será uma competência da presidente da Câmara e de alguém tem o pelouro da saúde – pelouro que nunca vi – potencializar esta situação? Estamos disponíveis para ajudar. Temos que aproveitar aquilo que o Governo faz de bom, se bem que também faça coisas más. Senhora presidente reúna connosco para que possamos trabalhar e ajudar as freguesias que não têm médicos a resolver essa situação». Recorde-se que com este novo regime, os médicos têm incentivos de ordem financeira, que lhes permite acumular a pensão com uma parte do salário, o que antes não acontecia, mas também optar de forma mais flexível por um horário mais compatível com a sua disponibilidade. Estes aspectos não alteram, no entanto, o facto de que o município não pode contratar médicos, como referiu a presidente de Câmara, Anabela Freitas. Bruno Graça, vereador com o pelouro da saúde na Câmara de Tomar, referiu, por sua vez, que a autarquia já questionou o Agrupamento de Centros de Saúde do Médio Tejo sobre esta matéria.