Já escrevi uma vez sobre os «heróis anónimos» do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Assistentes operacionais ou assistentes técnicos, farmacêuticos ou técnicos de saúde, nutricionistas, psicólogos ou assistentes sociais, enfermeiros ou médicos. Não são pagos «à peça», mas esforçam-se muito, para além do limite, para resolver os problemas dos doentes. Vestem a camisola de «serviço público». São felizmente muitos e nunca lhes seremos devidamente agradecidos.
Não resisto a contar uma história verdadeira e actual. No nosso Centro Hospitalar, o Serviço de Neurologia decidiu em conjunto recuperar uma lista de espera de primeiras consultas que já se encontrava inaceitavelmente extensa. Esta lista formou-se por falta de médicos especialistas para lidar com a situação.
Qual foi a solução?
Os médicos do serviço ofereceram-se para recuperá-la gratuitamente, fora do horário de trabalho, ao sábado, em jornadas de dedicação ao bem comum. Fizeram-se já cerca de um milhar de consultas, das quais muitas centenas referentes à Unidade Hospitalar de Chaves. Agora, organiza-se um plano para assegurar as necessárias consultas subsequentes (desejavelmente nas unidades hospitalares de proximidade dos doentes).
É espantoso como, apesar das dificuldades crescentes, dos cortes salariais, do desrespeito pelas carreiras médicas, haja serviços que «deitam mão à obra» e demonstram que a noção «serviço público» pode mobilizar energias, vontades e mover montanhas.
«os "heróis anónimos" do Serviço Nacional de Saúde [...]. Não são pagos "à peça", mas esforçam-se muito, para além do limite, para resolver os problemas dos doentes. Vestem a camisola de "serviço público"»
O que parece faltar, no Ministério da Saúde, nas administrações regionais de saúde e nas administrações hospitalares, é a capacidade para reconhecer o mérito destas iniciativas, divulgá-las e incentivá-las. Criar condições para que estas se possam alargar, contribuir para reforçar o SNS e o prestígio dos seus profissionais, de forma a beneficiar os doentes e as populações.
Se é verdade que todo o trabalho deve ser justamente pago, é também verdade que aqueles que trabalham no SNS têm de saber que a sua função não é a mesma que a daqueles que trabalham nas unidades privadas. Também por isso se espera que o SNS dê condições de dignidade, de qualidade de projectos e o devido reconhecimento aos profissionais.
Finalmente, um alerta importante: sempre que os responsáveis máximos de serviços médicos do SNS se envolvem, com seriedade, nas suas funções de direcção, criam-se sinergias de trabalho colectivo, entusiasmo profissional e espírito de serviço público. Por isso é tão importante que os directores dos serviços médicos tenham prestígio, experiência, qualificação e dignidade. É importante que sejam respeitados pelas hierarquias dos hospitais.
Descrevi estas situações pela relevância que, nos tempos de chumbo que atravessamos, estes exemplos podem ter. Tão diferente da mentalidade dos serviços privados. Infelizmente tão diferente do que se está a instalar, através das administrações hospitalares e de forma acelerada nas unidades públicas de saúde.
Ficam aqui os meus parabéns pessoais a todos estes heróis anónimos.
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