Cerca de um em cada quatro médicos tem mais de 65 anos, um envelhecimento da classe que resultará numa vaga de cerca de 5.000 aposentações até 2030, alerta um relatório sobre recursos humanos da saúde hoje divulgado.
“A presente década de 2020–2030 será marcada por um elevado volume de aposentações de médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Prevê-se neste período a aposentação de cerca de cinco mil médicos, a que acresce a aposentação de médicos que trabalhem exclusivamente no sector privado”, refere o documento dos investigadores Pedro Pita Barros e Eduardo Costa.
Este relatório faz parte da cátedra em Economia da Saúde, enquadrada na iniciativa para a Equidade Social, que resulta de uma parceria entre a Fundação “la Caixa”, o BPI e a faculdade de ciências económicas, financeiras e de gestão da Universidade NOVA de Lisboa (Nova SBE).
Os investigadores alertam ainda que o “problema do envelhecimento é assimétrico no território nacional”, com o Norte, Centro e regiões autónomas a registarem uma “proporção de médicos com mais de 65 anos inferior à média nacional”.
O documento adianta ainda que os índices de envelhecimento dos enfermeiros são “substancialmente inferiores” aos dos médicos, uma vez que, em 2019, menos de 4% desses profissionais de saúde tinham mais de 65 anos.
“O envelhecimento dos profissionais de saúde implica uma adaptação do sistema de saúde. Uma maior proporção de médicos envelhecidos reduz os profissionais de saúde disponíveis para trabalhar em período nocturno ou em urgência”, alertam também Pedro Pita Barros e Eduardo Costa.
De acordo com os investigadores, a aproximação da idade da reforma de um grande número de médicos coloca ainda um “grande desafio à manutenção de capacidades formativas no SNS”.
“O planeamento atempado dessas aposentações é fundamental para minimizar disrupções no normal funcionamento dos cuidados de saúde”, salienta o relatório, que analisa vários indicadores sobre os recursos humanos da saúde entre 2011 e 2022.
https://www.chmt.min-saude.pt/noticias/urgencias-do-chmt-passam-a-disponibilizar-vagas-de-atendimento-nos-centros-de-saude-para-utentes-triados-com-pulseiras-verdes-e-azuis/
URGÊNCIAS DO CHMT PASSAM A DISPONIBILIZAR VAGAS DE ATENDIMENTO NOS CENTROS DE SAÚDE PARA UTENTES TRIADOS COM PULSEIRAS “VERDES
Os serviços de urgência de Abrantes, Tomar e Torres Novas do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) passaram a ter disponíveis, diariamente, entre uma e duas dezenas de vagas de atendimento no Agrupamento de Centros de Saúde do Médio Tejo, para encaminhamento de doentes que foram classificados com as prioridades médicas de “pouco urgente”, “não urgente”– as chamadas pulseiras “verdes”, “azuis” e “brancas” que, atualmente e desde o último trimestre de 2022, representam mais de metade dos atendimentos das urgências do CHMT.
Este protocolo de referenciação de doentes foi estabelecido entre o CHMT e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT). Tem como objetivo atenuar os constrangimentos assistenciais dos Serviços de Urgência das três unidades hospitalares do CHMT, causados pelo peso excessivo dos atendimentos não urgentes, promovendo, paralelamente, uma maior literacia dos utentes para uma utilização racional dos serviços de urgência da região.
As urgências do CHMT vão, assim, passar a propor aos doentes a quem foi atribuída uma prioridade de atendimento “não urgente” ou “pouco urgente” a marcação de uma consulta no centro de saúde, ou unidade de saúde familiar, para o próprio dia ou, no máximo, para o dia seguinte.
A sugestão de atendimento alternativo à urgência hospitalar, onde as pulseiras “verdes” e “azuis” podem ter tempos de espera elevados e riscos para a saúde, porque há risco de contrair doenças infeciosas em ambiente hospitalar, é realizada pelo enfermeiro responsável, imediatamente concluída a avaliação e triagem do doente. Os cuidados de saúde primários são, efetivamente, a resposta de saúde mais adequada para as chamadas pulseiras “verdes” e “azuis”, aliviando a pressão sobre os profissionais do serviço de urgência do CHMT, que assim podem dedicar-se de forma mais eficiente aos doentes que não podem prescindir de cuidados de saúde inadiáveis.
Este protocolo é, no entanto, de adesão voluntária pelo utente – o doente tem de voluntariamente concordar, por escrito, esse encaminhamento para o centro de saúde, ou unidade de saúde familiar da sua área de residência.
Após anuência do utente, cabe depois ao secretariado da Urgência do CHMT fazer diretamente a marcação de consulta através do sistema informático dedicado, no âmbito das vagas disponibilizadas diariamente por este protocolo de referenciação. A marcação e horário é depois comunicada ao utente, sendo restituído quaisquer montantes e taxas moderadoras pagas.
O caráter universal e solidário do SNS é uma das maiores conquistas da democracia e não deixa nenhum utente sem resposta, por mais ligeira que seja a doença que o levou ao Serviço de Urgência. No entanto, face à pressão hospitalar sentida nas três unidades do CHMT, é essencial um esforço de todos e de todas para um uso mais adequado das urgências hospitalares, para que aqueles que precisam de cuidados de saúde, com o menor tempo de espera associado, os tenham garantidos.
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