O Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) anunciou hoje a criação de um Centro de Responsabilidade Integrado (CRI) dedicado à especialidade de Ortopedia, sendo objetivo imediato, até final do ano, a “resolução integral da lista de espera cirúrgica com mais de nove meses”. Contratualizado para o quadriénio 2023-2026, a equipa que compõe o primeiro CRI do CHMT assegura no plano de atividades “mais cirurgias, mais consultas e maior acesso pelos utentes a cuidados da especialidade”.
“Efetivamente, a especialidade de Ortopedia é, em muitas unidades hospitalares, podemos dizer, o calcanhar de Aquiles”, disse o presidente do CHMT, que agrega os hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas, tendo indicado que o objetivo para os tempos de espera cirúrgica, que “rondavam quase cerca de dois anos, é reduzi-los abaixo do limite dos nove e dos 12 meses, que no fundo são as referências a que estamos obrigados na contratualização com a tutela, mas baixar para os sete ou oito meses”.
Até ao final de 2023, no âmbito dos objetivos anunciados pelo CRI Orto do CHMT para o trimestre de outubro a dezembro, “62% das consultas vão ser feitas nos tempos máximos de espera de resposta garantida”, quando, em 2022, apenas 3,1% o eram, a par da “resolução integral da lista de espera cirúrgica com mais de nove meses”, quando os mesmos se situavam, em 2021, em 468 dias de espera (cerca de 15 meses) e em 2022 rondavam os 10 meses (301 dias), segundo dados oficiais do CHMT.
Contratualizado para o quadriénio 2023-2026, a equipa “multidisciplinar” que compõe o primeiro CRI do CHMT, liderado por Amílcar Valverde, atual diretor de Serviço de Ortopedia, assegura no plano de atividades “mais cirurgias, mais primeiras consultas, mais consultas subsequentes, e maior acesso pelos utentes a cuidados da especialidade”, indicou Casimiro Ramos.
Com planeamento trimestral do CRI, o total de cirurgias programadas do CHMT em Ortopedia para 2023 vai crescer das 1.392 previstas para as 1.511 (mais 119), e assegura “mais 11% de cirurgias de anca feitas nas primeiras 48 horas” e “menos 63% de cirurgias reagendadas, face a cancelamentos”.
Em temos de consultas, os objetivos apontam para um crescimento das 10.471 previstas para as 11.106 (mais 635) das quais 6.588 são primeiras consultas e 4.518 consultas subsequentes.
Casimiro Ramos destacou ainda que a equipa CRI Orto, a par de “mais eficácia e eficiência”, confere à especialidade “mais inovação e desenvolvimento”, fatores que poderão “atrair e fixar” mais profissionais, inclusive com criação de CRI’s em outras especialidades, como sejam a “unidade de diabetes e obesidade e a cardiologia”, exemplificou.
“À medida que a equipa eventualmente venha a ser reforçada por atratividade a outros profissionais, porque o modelo de incentivo é por si uma forma de atrair profissionais e daí a nossa estratégia de queremos implementar mais CRI’s (…) de outras especialidades. então, obviamente, que esta eficácia pode aumentar”, notou.
Outro papel importante do CRI Orto será a promoção do ensino pré e pós-graduado, através da promoção de atividades de formação e de investigação, com o objetivo de aperfeiçoar as capacidades dos profissionais de saúde e de melhorar cuidados prestados aos utentes.
“O CRI Orto vai aumentar a acessibilidade e melhorar os tempos de resposta do SNS, com autonomia, com a responsabilização dos profissionais na gestão dos recursos que asseguram o desenvolvimento das melhores práticas para o CHMT”, indicou Amílcar Valverde, Diretor de Serviço de Ortopedia e do CRI Orto, citado em nota informativa do CHMT.
O responsável acredita que o primeiro CRI da região terá um “efeito de contágio, dentro e fora do hospital. “Toda a orgânica e dinamismo deste CRI poderá ter efeitos em outros serviços, e em outros Hospitais da região que ainda possam encarar com algum ceticismo os CRI. Tudo o que este CRI realizar, organizar, promover, dinamizar, divulgar terá efeitos para além da sua dinâmica, da sua especialidade e para além do CHMT”, afirmou.
Os CRI são estruturas de gestão intermédia dependentes dos conselhos de administração dos hospitais públicos, mas que têm autonomia funcional e que estabelecem um compromisso de desempenho assistencial, económico e financeiro, negociado para um período de três anos.
Como contrapartida, os profissionais de saúde das várias áreas que integram estes centros de responsabilidade têm acesso a vários incentivos, incluindo financeiros, que estão diretamente relacionados com o desempenho alcançado.
Geridos por equipas multidisciplinares de profissionais de saúde, os CRI têm autonomia para definir estratégias e objetivos com o propósito de levar mais e melhores cuidados de saúde às populações, potenciando a capacidade instalada preexistente nos hospitais, reduzindo, assim, as listas de espera.
Paralelamente, a criação dos CRI “potencia a atração e fixação de profissionais de saúde no SNS, sendo que, no caso concreto do CRI Orto do CHMT, o mesmo “desenvolve trabalho multidisciplinar na sua atividade, tendo a colaboração diária das especialidades de Medicina Interna, Fisiatria, Medicina Física e de Reabilitação, Enfermagem, Farmácia, Serviço Social, Assistentes Técnicos e Operacionais”.