... segue-se o silêncio ?O Público de hoje inclui uma importante entrevista (sem link) com Vítor Veloso, Presidente do núcleo do Norte da Liga Portuguesa contra o Cancro cujo título no jornal, bem como o destaque inicial dado à sua afirmação de que «o que se está passar nesta área é perverso e perigoso», já fornece uma indicação precisa sobre o sentido geral das suas declarações.
Entre muitas outras, a entrevista inclui afirmações como a de que «a nível da acessibilidade há muitos problemas.As pessoas não têm dinheiro para pagar os transportes. Uma senhora contava-me que gastava todo o dinheiro que o Estado dá só no táxi da sua casa até ao transporte público que precisava de apanhar até ao Porto. Isso é dramático. O governo fixa a isenção na base do mínimo mas, para as pessoas, que têm rendimentos um pouco acima disso e que não estão isentas é muito difícil de aguentar. São muitas consultas e tratamentos.» Acrescenta também que «uma espera de um ano num serviço hospitalar de urologia para uma consulta,existindo já a suspeita de um diagnóstico de cancro na próstata não é aceitável».
Face a isto e muito mais que é dito na entrevista, por estranho que pareça, não fico à espera de esclarecimentos de burocratas instalados no Ministério da Saúde nem do contabilista-mor que detém a pasta. Acho sim que uma entrevista com este conteúdo por alguém que ocupa um lugar responsável na Liga Portuguesa contra o Cancro devia abrir um vivo debate público sobre esta matéria e que os oncologistas que prestam serviço no SNS, antes de chegar Agosto, nos viessem dar também o seu testemunho.
(in O Tempo das Cerejas 2)