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Abrantes, Portugal 11/02/2015 20:07 (LUSA) Temas: Saúde, Profissionais de saúde, Serviço Nacional de Saúde, Serviços médicos (geral), Partidos e movimentos
Abrantes, Santarém, 11 fev (Lusa) - Mais de mil utentes estão desde outubro sem médico de família em São Miguel do Rio Torto, concelho de Abrantes, tendo a junta de freguesia iniciado uma recolha de assinaturas para protestar contra a situação.
"Encetámos esta semana a recolha de assinaturas pela população, através de abaixo-assinado, por forma a mostrar o nosso descontentamento e para pressionar o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo a colocar aqui um médico de família", disse hoje à agência Lusa o presidente da União de Freguesias de São Miguel do Rio Torto e Rossio ao Sul do Tejo, no distrito de Santarém.
Segundo Luís Alves (PS), o manifesto, que está a ser desenvolvido em parceira com a Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT), abrange as localidades de São Miguel e de Bicas, onde 1.047 utentes estão sem médico de família há mais de três meses.
O objetivo é exigir à tutela que "reponha a presença de pelo menos um médico de família para servir São Miguel do Rio Torto e Bicas" e também de serviços de enfermagem diários.
"Grande número de utentes é de idade avançada, com poucos recursos económicos e sem transporte próprio, e têm de se deslocar às consultas de recurso em Abrantes, a vários quilómetros de distância. Os transportes públicos em São Miguel passam de manhã e regressam só à noite, pelo que a atual situação implica um grande transtorno para doentes e familiares, com mais sofrimento físico e mais despesas", vincou.
"Estas pessoas descontaram uma vida inteira para poderem ter uma velhice tranquila e com acesso a cuidados médicos de proximidade, pelo que a tutela tem de encontrar uma resposta para resolver este problema", defendeu Luís Alves.
Contactada pela agência Lusa, a diretora executiva do ACES do Médio Tejo disse que a falta de médico, desde outubro, no polo do São Miguel do Rio Torto, onde se deslocava um médico da prestação de serviços um dia por semana, se deveu ao facto de, nesse período, haver uma "redução de médicos na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Abrantes, devido a aposentações, entre outras situações".
Nesse contexto, observou Sofia Theriaga, a opção do coordenador da UCSP foi de "reforçar a consulta de recurso para garantir a consulta e a prestação de cuidados de saúde ao maior número possível de utentes sem médico de família".
A responsável observou ainda que a consulta de recurso, instalada em Abrantes, presta cuidados de saúde a todos os utentes do concelho sem médico de família e referiu que, "para agravar toda esta situação, o ACES Médio Tejo sofreu uma considerável redução de horas da prestação de serviços, pelo que a UCSP de Abrantes não foi uma exceção".
Sofia Theriaga disse ainda que o ACES tem reiterado que lhe sejam atribuídas mais horas da prestação de serviços, "a fim de poder alocar profissionais médicos nas Unidades Funcionais com maior número de utentes sem médico de família", como é o caso de São Miguel do Rio Torto.
Em janeiro, em declarações à Lusa, Sofia Theriaga havia contabilizado 29.500 utentes sem médico de família no Médio Tejo, uma situação que só ficaria resolvida com a colocação de 16 médicos, e identificou o caso de Abrantes (com 12.000 utentes a descoberto) como "o mais complicado".
O ACES Médio Tejo tem cerca de cerca de 228.000 utentes e é composto pelos municípios de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha.
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