Utentes da Saúde do Médio Tejo

A Unidade Local de Saúde do Médio Tejo (ULS Médio Tejo) já implementou 17 projetos diferenciadores nos seus primeiros seis meses de atividade.

São mais de metade dos 32 projetos que a nova instituição se comprometeu a pôr em marcha no seu primeiro ano de atividade, com vista à melhoria da diferenciação e da humanização dos serviços e cuidados prestados à população.

Estas iniciativas estão integradas no plano de atividades da ULS Médio Tejo para 2024. Foram delineadas no âmbito da profunda reforma organizacional que ocorreu no Serviço Nacional de Saúde (SNS) a 1 de janeiro de 2024, ao agregar, na ULS Médio Tejo, as estruturas de cuidados de saúde primários da região e as unidades hospitalares de Abrantes, Tomar e Torres Novas.

O plano de atividades da ULS Médio Tejo coloca o utente no epicentro de todo o sistema de saúde local. Pretende fomentar um maior acesso aos cuidados de saúde, de forma integrada, personalizada e humanizada, ao longo de todo o ciclo de vida da população do Médio Tejo.

Para cumprir esse ambicioso objetivo, foram definidas 32 medidas, integradas em 19 ações de melhoria, a implementar durante o primeiro ano de existência desta nova instituição. O balanço dos seis primeiros meses da ULS Médio Tejo permite aferir que já estão implementados mais de metade dos projetos assumidos.

As iniciativas que estão em marcha resultam em mais e melhores cuidados de saúde prestados aos utentes do Médio Tejo. “Com determinação e trabalho árduo, estamos a transformar aquilo que era uma visão em realidade. Grande parte do plano de atividades para 2024 já está em curso, um testemunho do compromisso inabalável das nossas equipas face aos desafios que enfrentamos”, refere Casimiro Ramos, presidente do Conselho de Administração da ULS Médio Tejo.

Destaca-se logo à cabeça a certificação integral das três unidades hospitalares da ULS Médio Tejo pelo modelo internacional ACSA (Agencia de Calidad Sanitaria de Andalucia), com o nível máximo de “Bom”.  O Modelo ACSA de Qualidade avaliou todo o ciclo de atendimento e prestação de cuidados de saúde ao utente, desde o primeiro contacto com a instituição até à alta hospitalar, através de um rigoroso e exaustivo processo de auditoria interna e externa.

A obtenção desta certificação foi um marco inédito no país e dentro do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Até ao momento, só os três hospitais da ULS Médio Tejo são os únicos com a acreditação total da Qualidade pelo modelo ACSA, de todos os seus serviços. O processo de certificação está a ser implementado nas unidades de cuidados de saúde primários, com o objetivo da obtenção da acreditação total de todas as unidades que integram a ULS Médio Tejo.

Dos 32 projetos definidos, a esmagadora maioria – um total de 22 – dizem respeito à implementação de melhorias diretamente relacionadas com a prestação de cuidados de saúde. Os restantes dez estão relacionadas com a melhoria de procedimentos e sistemas de informação.

Naquele que é o principal pilar da constituição da ULS Médio Tejo, da interligação entre os cuidados hospitalares com os cuidados de saúde primários, destacam-se dois projetos que se encontram em pleno funcionamento. Um deles é o projeto “Linha Direta”, que capacitou as unidades de cuidados de saúde primários com novos equipamentos informáticos para permitir a interligação de cuidados clínicos entre as unidades hospitalares, separadas entre si por cerca de 30 quilómetros.

Através deste interface tecnológico, os médicos de família especialistas em Medicina Geral e Familiar podem “consultar” os colegas especialistas em questões específicas, ou na observação de um doente, sem necessidade de encaminhamento para o Hospital para a realização de uma segunda observação física do mesmo. Esta tecnologia permite que ambos os médicos estejam de facto a ver e conversar com os utentes e colegas, em tempo real, e com uma qualidade de imagem extraordinária.

Em sentido inverso, também os clínicos dos cuidados hospitalares podem utilizar esta tecnologia para complementar elementos sobre o historial de saúde do utente – por exemplo, aquando de um episódio de urgência, internamento, ou mesmo consulta externa, a equipa ou especialista pode obter informações mais detalhadas com o seu médico de família/ médico assistente, humanizando a prestação de cuidados de saúde personalizados e de excelência. Para implementar esta iniciativa foi necessário proceder à aquisição de mais de uma centena de computadores e a instalação da tecnologia imersiva de telemedicina que os três hospitais da ULS Médio Tejo já dispunham.

A Gestão de Casos Clínicos foi também um outro projeto cuja implementação se iniciou no passado mês de maio, tendo sido acolhida com grande entusiasmo pelos médicos da ULS Médio Tejo no âmbito da referida interligação entre os cuidados hospitalares com os cuidados de saúde primários. Conta com encontros entre médicos dos cuidados de saúde primários e especialistas hospitalares programados até ao próximo mês de janeiro de 2025.

Através deste projeto são realizados mensalmente, pelas distintas especialidades clínicas, workshops temáticos, sendo debatidos casos clínicos entre médicos hospitalares e médicos dos cuidados de saúde primários. Tal vem potenciar a partilha e atualização permanente de conhecimentos, para um melhor atendimento clínico.

Nesse âmbito, insere-se com particular relevância a criação do Centro de Investigação e Inovação da ULS Médio Tejo. Este projeto dirige-se a todos os profissionais da ULS Médio Tejo, acolhendo e valorizando os seus projetos, tendo como ponto de partida o utente e a melhoria contínua de práticas e serviços de saúde que o beneficiem.

Na especialidade médica de Ortopedia, há a reportar a concretização de medidas ambiciosas. Entre estas a constituição de uma equipa de enfermeiros especializados em reabilitação que presta cuidados no internamento e após a alta junto dos doentes com fratura de fragilidade ou artroplastia total do joelho (condições comuns, como a fratura do colo do fémur, que geralmente estão associadas a utentes idosos e muito idosos).

O objetivo desta ação é oferecer cuidados específicos e personalizados para a reabilitação do utente, em articulação com os cuidados de saúde primários. Trata-se de casos de grande complexidade, que geralmente afetam a qualidade de vida dos doentes, e que necessitam de seguimento específico.

Para o efeito, estão a ser adquiridos diversos equipamentos para as equipas de Cuidados na Comunidade.  Os mesmos vão possibilitar a continuidade no âmbito da reabilitação do utente pelos Enfermeiros de Reabilitação, que vão prestar os cuidados e tratamentos de reabilitação necessários adaptados a cada um dos utentes nas respetivas unidades de cuidados de saúde primários. Assim é garantida uma maior proximidade com a mesma qualidade de cuidados prestados em ambiente hospitalar, que geralmente impõe uma logística para os cuidadores destes doentes difícil e complexa, devido às distâncias que separam os onze concelhos da área de abrangência da ULS Médio Tejo.

A especialidade de Pneumologia foi particularmente dinâmica no primeiro semestre do ano a implementar os projetos programados com vista a mais e melhores cuidados de saúde à população. As equipas multidisciplinares responsáveis já têm em curso os projetos “Aprender a viver com ventiloterapia”, “Ensino à pessoa com necessidade de inaloterapia”. Está em fase de implementação inicial, o projeto de “Reabilitação Respiratória”. Todas estas medidas são uma resposta diferenciada a utentes com doença pulmonar e/ou respiratória crónica graves.

Já está disponível na ULS Médio Tejo a nova “Consulta de Diagnóstico e Acompanhamento Pneumológico”. Neste âmbito vão ser abordados com especial atenção os casos de tuberculose da região e ainda as consultas de apoio intensivo à cessação tabágica, num protocolo de interação entre os cuidados de saúde primários e os cuidados hospitalares.

No que diz respeito ao acompanhamento dos utentes durante todo o seu ciclo de vida, o Serviço de Ginecologia-Obstetrícia também já tem em campo o “Projeto de Educação Parental”, promovido por uma equipa de Enfermeiras Especialistas em Saúde Materna. Trata-se de uma iniciativa de especial importância para os pais (ou futuros pais) entenderem as várias etapas do desenvolvimento infantil, através de um curso designado por “Gentlebirth”.

A ULS Médio Tejo é a única entidade pública no país a disponibilizar este curso para os jovens pais, que envolve uma app inovadora, que complementa a formação administrada por enfermeiras especialistas em saúde materna. No primeiro semestre foram realizados oito cursos no Hospital de Abrantes, envolvendo 78 grávidas e respetivos acompanhantes. Nos cursos de preparação para o parto realizados nos cuidados de saúde primários, foram realizados na primeira metade do ano, 38 cursos, envolvendo 299 participantes e respetivos acompanhantes.

Na área da integração de cuidados de saúde entre as unidades da ULS Médio Tejo, já está em implementação parcial a internalização de meios complementares de diagnóstico que, numa primeira fase, envolve apenas a realização de análises clínicas.  Desde o passado dia 10 de julho que este novo serviço está disponível, de forma rotativa, em oito centros de Saúde da ULS Médio Tejo, durante o período da manhã.

Esta internalização otimiza a capacidade instalada do laboratório de Patologia Clínica do Hospital de Tomar. Nesse âmbito, são realizadas colheitas de análises clínicas aos utentes que o desejem, ou, nomeadamente, em situações de maior urgência na obtenção de resultados para diagnóstico e tratamento de condições de saúde.

Não diretamente relacionada com a prestação direta de cuidados de saúde, mas permitindo uma maior integração dos cuidados hospitalares com os cuidados de saúde primários destaca-se, para além da aquisição e instalação de mais de uma centena de computadores e substituição de servidores, a complexa integração dos sistemas clínicos informáticos e a criação de um domínio único. Foi, também, internalizada toda a gestão logística de distribuição de medicamentos e restantes materiais, permitindo uma maior eficiência em todo o circuito.

A Literacia em Saúde é outro eixo central dos primeiros seis meses de atividade da ULS Médio Tejo, acreditando que utentes mais bem informados em temas de Saúde, através de informações de fontes fidedignas e com uma linguagem acessível, são utentes com melhor saúde. Possibilita igualmente autocuidados preventivos e diagnósticos precoces.

Para além da informação que já estava a ser disponibilizada, através do website, redes sociais e rúbricas fixas na imprensa regional, a Unidade de Saúde Pública intensificou as suas divulgações e ações preventivas em matérias tão distintas como rastreios, segurança alimentar, ambiente, vacinação, entre outras. Em junho, foi lançado o primeiro podcast do Serviço Nacional de Saúde pela ULS Médio Tejo – “Haja Saúde”, disponibilizado nas principais plataformas de streaming –, prestando aos utentes esclarecimentos preventivos, mas também de contexto sazonal ou de tratamento de doenças, através de entrevistas conduzidas a vários responsáveis da ULS Médio Tejo.

Destaca-se, finalmente, a integração de todos os profissionais administrativos do antigo Agrupamento de Centros de Saúde nos respetivos serviços da ULS Médio Tejo.

“Estas iniciativas inovadoras, nascidas das propostas dos próprios profissionais de saúde, estão a moldar o futuro da assistência médica, proporcionando um acesso à saúde com mais qualidade, personalizado e ao longo da vida dos nossos utentes”, diz Casimiro Ramos. O responsável pela ULS Médio Tejo refere ainda:“Este é apenas o começo de uma jornada. Sabemos que nem tudo são sucessos, conhecemos as nossas fragilidades, e temos noção dos nossos constrangimentos. Não temos dúvida que há muito ainda por fazer. Mas, também sabemos qual é o caminho: continuar a trabalhar sem descanso e com motivação para melhorar a saúde e o bem-estar da população do Médio Tejo, construindo um sistema de saúde local mais resiliente, eficiente, inovador e humanizado”.

Casimiro Ramos acrescenta Estou certo de que iremos alcançar os objetivos traçados, graças ao empenho e dedicação dos nossos profissionais que, de forma exemplar, todos os dias mostram ao País que há futuro no SNS”. Na opinião do Presidente do Conselho de Administração da ULS Médio Tejo a criação das unidades locais de saúde tem sido um catalisador fundamental para esta mudança “ao aproximar os cuidados de saúde das comunidades, estamos a garantir que todos os portugueses tenham acesso a serviços médicos de qualidade, independentemente da sua localização ou situação socioeconómica“, conclui.